terça-feira, 29 de julho de 2014

A AUTONOMIA E A DOCÊNCIA

Resumo
O professor para ser suficiente no cotidiano de suas aulas precisará criar em seus alunos autonomia. Mas, para que isto aconteça, o docente deverá buscar a sua autonomia no ensino. Sua prática não pode estar limitada a apenas o livro didático e ao espaço físico da sala de aula, e sim, ir em busca de recursos para que sua atividade docente desperte no discente a capacidade crítica, formando alunos pensantes e questionadores. 

Introdução
Um dos principais problemas existentes na sala de aula é a visão elitista do professor, onde este se acha o único conhecedor do saber, não respeitando os saberes que o aluno traz consigo. Ao monopolizar o saber, pensa que conseguirá dominar a turma, mas infelizmente o que ele está proporcionando ao aluno é ser apenas reprodutor do sistema. Quando o professor somente fala, o aluno não aprende de maneira crítica e sim, como uma imposição. O professor não deve ser um transmissor de saberes, mas um fomentador da curiosidade, onde educador e educando construirão o conhecimento juntos e de forma crítica,

Gerando autonomia 
Para criar mentes autônomas, é preciso aprender a pensar. O professor precisa proporcionar a seus alunos uma ambiência agradável na sala de aula, onde os alunos sintam à vontade de questionar e instigar para que a curiosidade ingênua do aluno alcance a curiosidade epistemológica. O docente precisa gerar no aluno autonomia a buscar soluções de problemas da realidade que os cercam, e muitas vezes isto se dará através de erros. O educador precisa ter a perspicácia de reconhecer que nem todo conteúdo programático servirá para todas as turmas, pois cada uma apresenta uma característica: algumas acompanham em ritmo rápido, outras em um ritmo mais lento, e aquelas que apresentam uma defasagem tamanha que necessitam de toda uma restruturação do currículo para adaptar-se à realidade. A autonomia do docente consiste em não se prender ao currículo e sim à necessidade do aluno.
Segundo o sociólogo catarinense Pedro Demo, o bom professor não é aquele que soluciona os problemas, mas justamente o que ensina os seus alunos a problematizarem (REVISTA NOVA ESCOLA, AGOSTO DE 2001, pág. 51). Ele tem que conflitar o educando, para que este raciocine de maneira individual na busca da resposta, onde o professor vai ser apenas o direcionador da construção do conhecimento. Muitas das vezes o livro da escola não é do seu agrado, então entra a autonomia em procurar recursos que vão além do livro obrigatório como reportagens de jornais, revistas, vídeos, entre outros, pois o importante é ter um ensino-aprendizagem dinâmico e melhor.
Paulo Freire diz em seu livro a Pedagogia da Autonomia (2004) que a tarefa do docente não é apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo. A partir deste pensamento podemos entender que o objetivo do educador é gerar conscientização e não alienação.

O aprendizado parte da realidade do aluno
A construção do conhecimento depende do educador e do educando, pois quando o aluno entra em sala de aula traz consigo saberes que precisam ser respeitados. O ponto de partida do ensino vem da realidade do aluno. O educador ao ensinar precisa mostrar a importância do conteúdo ensinado, pois tudo aquilo que não faz sentido à vivência do aluno, o cérebro não faz questão de memorizar. Deve-se trabalhar com questões que envolvam problemas existentes na comunidade onde a escola se situa. Ao falar, por exemplo, de poluição da água, o educador deve enfatizar do rio que atravessa o bairro da escola e questionar o porquê deste rio se encontra poluído e achar soluções juntamente com os alunos para que estes possam ser agentes multiplicadores na comunidade onde moram.
O ensino que não é aplicado à realidade é vazio. Como falar de alimentação correta se o aluno passa fome em casa? Como falar sobre o cuidado do meio ambiente se na calçada da escola é um depósito de lixo? Paulo freire diz que a educação é uma forma de intervenção no mundo. Ao selecionar um determinado tema da realidade, o professor terá que correr atrás de materiais para que a sua aula se torne mais rica e seja um um momento de transformação, onde os alunos participarão da problematização e da solução de uma determinada questão e assim, gerando bem-estar para todos.
Segundo Paulo Freire (PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, 2004), ensinar exige respeito ao conhecimento do educando, estabelecendo uma intimidade entre os saberes curriculares fundamentais e a experiência que eles têm como indivíduos. 

Considerações finais
O professor para ser suficiente precisa antes de tudo, gostar do que faz. Tem que haver uma satisfação pessoal, independente de salário e dificuldades que a profissão apresenta. Tem que pesquisar, se atualizar, se informatizar, porque o conhecimento é dinâmico, sendo um processo inacabado. Precisa ter sensibilidade, criticidade e autonomia para exercer de maneira impactante na sala de aula. E saber que a parceria professor - aluno no processo da construção do conhecimento será eficaz.


Referências
-FREIRE, Paulo. A Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo. Paz e Terra, 2004
-NOVA ESCOLA. A Revista do Professor. Edição Junho/Julho 2001 e Agosto 2004