A escola é o espaço em que deve permitir o diálogo de diferentes
saberes, dos professores com sua formação acadêmica, dos alunos com o seu
senso-comum, das pessoas que trabalham na instituição que vão desde a direção
até aquelas responsáveis pela limpeza com suas experiências cotidianas. É o
meio ambiente em que se aprende, em que se vive. Por isso, trabalhar a educação
ambiental neste espaço é uma maneira de disseminar este conhecimento e
vivenciá-la.
A educação ambiental é entendida como um processo por meio do qual o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (LEI Nº 9.795/99). A palavra meio ambiente pode ter vários
significados. Reigota (2004) define como um lugar determinado e/ou percebido
onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais
e sociais. Essas relações acarretam processo de criação cultural e tecnológica
e processos históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade.
O histórico sobre o surgimento de uma educação voltada para a
preservação e conservação do meio ambiente teve o seu início com a Revolução
Industrial em 1779, representando um marco para a história, que com seu avanço
científico, o homem deixou de ser a força de trabalho e foi transferida para a
máquina. Devido a este grande avanço, acelerou-se o processo de degradação do
meio ambiente, e consequências trágicas que foram se acumulando durante décadas
e que surtem efeito nos dias atuais.
O Ministério da Educação diz que a educação ambiental, deve permear todo
o currículo nos diferentes níveis e modalidades de ensino da educação escolar
com o papel fundamental de esclarecer e formar uma sociedade sustentável com
pessoas atuantes e críticas. É um componente essencial e permanente, sendo
desenvolvida como uma prática educativa integrada e contínua e permanente em
todos os níveis e modalidades do ensino formal, e que não deve ser implantada
como disciplina específica no currículo de ensino (artigo 10 da LEI 9797/99)
Não é bom restringir a educação ambiental à biologia, pois seria colocar esta,
a uma esfera privada, dissociando da esfera pública, campo da atuação política
e da cidadania, pois a questão ambiental não é um problema puramente ecológico.
Segundo Jacobi (2003) a educação para cidadania representa a
possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas
formas de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de
concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na educação para a
participação. Por isso, a Educação Ambiental deve ser trabalhada como uma
ferramenta emancipatória e transformadora que permita o indivíduo refletir,
criticar e agir mediante em uma esfera no qual ele vive. Ela precisa dialogar
com outros saberes, para a superação do senso-comum, para que não se torne a
prática ambientalista em algo simplista e reducionista, sem fundamentação
teórica. Não pode ser uma educação bancária, que faz do indivíduo um depósito
de informações sobre questões ambientais, mas que não muda a sua prática como
cidadão.
A
educação formal tem como objetivo fornecer habilidades e competências
necessárias para a vida. A Política Nacional de Educação Ambiental (LEI
9795/99) diz como um dos objetivos fundamentais da educação ambiental no artigo
5º e inciso 4º que a Educação Ambiental deve garantir:
“O incentivo à participação individual e
coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio
ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania.”
Qualquer projeto precisa ter um caráter
permanente, mas não inflexível. E a respeito da educação ambiental, precisa
sempre estar se modelando à realidade da escola. Mas o que se vê em algumas
escolas apesar do desenvolvimento de um projeto ambiental é ainda uma grande
dificuldade na mudança de percepção e atitude de alunos e demais membros da
comunidade escolar. Os alunos participam de campanhas de arrecadação de
materiais que podem ser reciclados, criam panfletos, jornais, as escolas possuem
lixeiras para a coleta seletiva, há um envolvimento, mas não ocorre mudança
conceitual.
É necessário ressaltar que a
falta de percepção da Educação Ambiental como processo educativo, reflexo de um
movimento histórico, produziu uma prática descontextualizada, voltada para a
solução de problemas de ordem física do ambiente, incapaz de discutir questões
sociais e categorias teóricas centrais da educação (LOUREIRO, 2004). Como
anteriormente discutido, a questão ambiental não pode ser entendida como um problema
meramente ecológico é com certeza um assunto da esfera pública, com importante
componente da política e da cidadania.
Trabalhar
a Educação Ambiental nas escolas, segundo Andrade (2000) é reconhecer a escola
como uma unidade impactante, trabalhar sua rotina no sentido de reduzir tais
impactos, e de, ao perceber a escola como mantenedora e reprodutora de uma
cultura que é predatória ao ambiente, buscar mudanças no currículo e
metodologias que possam não só diminuir tal influência, mas permitir uma verdadeira
mudança na prática dos alunos. Por isso, ela precisa sempre ser contextualizada
em um diálogo entre os saberes de toda a comunidade escolar. A escola como
local de difusão de conhecimentos deve promover em seus alunos o esclarecimento
da diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento sustentável, através
do trabalho em equipe dos professores, despertando uma percepção ambiental e
construindo valores fundamentados na ética humana. Os professores através de
uma prática interdisciplinar podem direcionar a visão imediatista dos alunos,
para uma reflexão na sua prática consumista.
Por mais que se tenham excelentes projetos voltados para a
educação ambiental, a realidade é que muitas escolas ainda se deparam com o
problema do lixo jogado no chão, na dificuldade de se manter a separação deste
lixo por parte dos alunos, mesmo estes sabendo a importância disto para o meio
ambiente. Com a implantação de um projeto de Educação Ambiental na comunidade escolar um caminho será
aberto: de uma possível mudança no agir de cada um. Mas deve-se ter cuidado para que o projeto não seja ao mesmo tempo um agravante para unidade escolar pelo o seguinte motivo: é comum ver quando se tem um trabalho expositivo sobre o meio ambiente ter um aumento significativo de resíduos após a exposição. É o pátio escolar sujo, o material usado acaba indo pro lixo, o que vai de encontro com a proposta que é reduzir a quantidade de resíduos produzidos.
Então trabalhar um projeto de Educação Ambiental de caráter permanente na escola requer sensibilidade, um contínuo diálogo enfatizando maneiras alternativas de desenvolver práticas verdadeiramente sustentáveis e que de fato, venham gerar mudança nas atitudes da comunidade escolar.